Bourdieu
na Batalha da Roberto Freire
Pierre Bourdieu compara a competição no campo
cientifico com os combates de guerrilha (Burawoy, 2011). E na Batalha da
Avenida Roberto Freire são instituições de ensino com objetivos ditos científicos,
com cursos superiores tecnológicos, que promovem uma guerrilha, uma batalha
entre si buscando novos correligionários. Fazem parte de uma hegemonia
exercendo um poder simbólico daqueles que detém um conhecimento e uma posição.
E quanto mais esta posição se torna distante, mais nobres se tornam seus atos. Atraem
alunos e durante o curso prometem receitas milagrosas e ferramentas poderosas.
Galgando novas etapas do capitalismo (Barros Filho e Sá Martino)
O combate ao qual Bourdieu se refere é a
disputa em pesquisas em alcance de objetivos. Corrida armamentista e disputa
pela chegada á Lua são evidencias internacionais. Pesquisas pela cura do câncer
e busca em decifrar o código genético geram benefícios á humanidade. Evidencias
de uma macrossociologia.
A Batalha na Avenida Roberto Freire é uma microssociologia,
uma microfísica de um cotidiano. Uma região, um espaço geográfico que o maestro
oculto colocou em um mesmo ambiente, personagens de antigos embates. Antigos povos
em novas batalhas. Novos objetivos, novos soldados. Não há mais os sindicatos a
que Gramsci e Marx citavam, em seus escritos. Ao invés de sindicatos são grêmios
estudantis, que desde já formam futuras classes trabalhadoras, já que suas
formações são relâmpagos com objetivos ao mercado de trabalho, são moldados ao
mercado desde a faculdade. Antes as
faculdades formavam seres pensantes, massa crítica, agora formam trabalhadores.
Para um mercado ainda inexistente.
No corredor formado pela Avenida Roberto
Freire e a BR101 o trajeto entre os hotéis e o estádio de futebol durante a
Copa do Mundo, encontramos um palco de representações. Um desfile de nações: portugueses,
holandeses e americanos representando, disputando o ensino, o conhecimento. Franceses
como Bourdieu no ramo de alimentação, supermercados, o alimento que traduz um
povo (RC, in Pudim de Macaxeira com Calda de Lambedor, 2012). Chineses e alemães
no mercado automotivo. Americanos no aluguel de carros. Antes e depois da aulas
nas faculdades são vistos ônibus coletivos nas cores de um ônibus escolar
americano, montados sobre chassis e motores alemães, altos como um Jeep, um 4X4
Off-Road, ou um Crossover transportando alunos dos rincões mais próximos, os
soldados desta batalha.
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Roberto Cardoso (Maracajá)
Ativista
Cultural
Cientista
Social
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